04 maio 2014

Passeio

Era uma pessoa tímida. Mesmo nas situações em que poderia impor-se, como nas deslocações pelos passeios. Muitas vezes a alertaram para o perigo, mas manifestou sempre uma olímpica indiferença, que os mais próximos sabiam ser pudor. Até um dia, em que o que se receava aconteceu. Passeava pelo passeio preferido. À sua frente, duas pessoas não se afastaram e fizeram ouvidos de mercador ao pedido de passagem, feito em tom delicado e urbano. Como era habitual não se enfureceu, respirou fundo e passou para a estrada. Foi atropelada.


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