(A)vocação
No dia da prova, pôs-se a caminho. Ao chegar ao local, teve um choque ao ver o número de candidatos... Ainda hesitou, mas seguiu em frente.
Chamaram o seu nome, apresentou o cartão de cidadão, entrou e sentou-se, aproveitando os minutos que lhe restavam para fazer uma sumaríssima retrospectiva da sua vida, sobretudo do que o tinha levado até onde estava.
Não gostava de opções radicais e a escolha parecia óbvia, ainda para mais acobertada em conselhos paternais, maternais, fraternais e amigais: fazer carreira como comentador de televisão. Na altura pareceu-lhe bem e resolveu meter os papéis, embora agora se interrogasse, dado o número de candidatos, 7583(!), se teria sido uma opção avisada... Nem teve oportunidade de pensar numa resposta para esta dúvida, pois o tempo urgia e a prova começara, de verdade.
As primeiras perguntas foram fáceis, mais direccionadas para a caracterização do perfil emocional e psicológico do candidato, mas as seguintes, centradas na análise e na interpretação de factos e indícios, eram complexas e trabalhosas, apelando a um conhecimento aprofundado e fundamentado da realidade do país e arredores, fossem eles europeus, americanos ou outros.
E a complexidade das questões evidenciava-se logo na primeira delas, que se enunciava assim e apresentava como hipóteses de resposta 4 possíveis, pois o teste era de escolha múltipla, tipo «americano», com aspas:
«Questão xpto: O Presidente espirrou e o Primeiro tossiu. Na sua interpretação, o significado é o seguinte:
a) O Presidente está constipado e o Primeiro fuma;
b) O Presidente fuma e o Primeiro está constipado;
c) O Presidente tem alergia e o Primeiro fuma;
d) O Presidente está constipado e o Primeiro tem alergia».
Enquanto pensava na resposta certa, o candidato questionou-se sobre as dificuldades da vida e o sentido das coisas, neste balanço abrangendo conselhos tão alargados e consensuais como o foram ou são os paternais, os maternais, os fraternais e os amigais...
Resolveu não continuar a prova, arrumou as suas coisas, disse boa tarde e abalou. Na rua, apanhou um autocarro e saiu numa paragem, minutos depois, seguindo a pé o resto do caminho. Chegado ao destino, bateu à porta e falou para o intercomunicador:
- Boa tarde. Ainda têm aquela vaga para monge?...
Chamaram o seu nome, apresentou o cartão de cidadão, entrou e sentou-se, aproveitando os minutos que lhe restavam para fazer uma sumaríssima retrospectiva da sua vida, sobretudo do que o tinha levado até onde estava.
Não gostava de opções radicais e a escolha parecia óbvia, ainda para mais acobertada em conselhos paternais, maternais, fraternais e amigais: fazer carreira como comentador de televisão. Na altura pareceu-lhe bem e resolveu meter os papéis, embora agora se interrogasse, dado o número de candidatos, 7583(!), se teria sido uma opção avisada... Nem teve oportunidade de pensar numa resposta para esta dúvida, pois o tempo urgia e a prova começara, de verdade.
As primeiras perguntas foram fáceis, mais direccionadas para a caracterização do perfil emocional e psicológico do candidato, mas as seguintes, centradas na análise e na interpretação de factos e indícios, eram complexas e trabalhosas, apelando a um conhecimento aprofundado e fundamentado da realidade do país e arredores, fossem eles europeus, americanos ou outros.
E a complexidade das questões evidenciava-se logo na primeira delas, que se enunciava assim e apresentava como hipóteses de resposta 4 possíveis, pois o teste era de escolha múltipla, tipo «americano», com aspas:
«Questão xpto: O Presidente espirrou e o Primeiro tossiu. Na sua interpretação, o significado é o seguinte:
a) O Presidente está constipado e o Primeiro fuma;
b) O Presidente fuma e o Primeiro está constipado;
c) O Presidente tem alergia e o Primeiro fuma;
d) O Presidente está constipado e o Primeiro tem alergia».
Enquanto pensava na resposta certa, o candidato questionou-se sobre as dificuldades da vida e o sentido das coisas, neste balanço abrangendo conselhos tão alargados e consensuais como o foram ou são os paternais, os maternais, os fraternais e os amigais...
Resolveu não continuar a prova, arrumou as suas coisas, disse boa tarde e abalou. Na rua, apanhou um autocarro e saiu numa paragem, minutos depois, seguindo a pé o resto do caminho. Chegado ao destino, bateu à porta e falou para o intercomunicador:
- Boa tarde. Ainda têm aquela vaga para monge?...
Etiquetas: Historieta
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